18 July, 2012

sessenta e nove.



inventado.
A chávena de café deixou marca na carta que te escrevi. Ou que pelo menos tento. Mais uma noite em branco, depois de muitas idênticas. Pego na caneta e escrevo. Nada parece digno de ti. Risco, rasgo, tento de novo mas nunca é suficiente. Apetece-me desistir, deitar-me na cama e nunca mais acordar. E este frio infernal, aquele que permanece no meu coração, não me larga. Se eu partir, ninguém sentiria a minha falta. Bebo mais café e ganho coragem. Continuo rumo a mais uma tentativa falhada. «Meu amor, lembraste quando nos conhecemos? Eu estava naquele café que costumavas frequentar. Por mero acaso sentaste-te perto de mim e meteste conversa. Perdoa-me, não está certo o que eu fiz mas estou arrependida. Se pudesse, nunca o faria. Mas não tive escolha.» Perdi as forças para continuar. Peguei nos comprimidos que tinha perto de mim e engoli-os, tentando afastar a dor que permanecia.

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