inventado.
A chávena de café deixou marca na
carta que te escrevi. Ou que pelo menos tento. Mais uma noite em branco, depois
de muitas idênticas. Pego na caneta e escrevo. Nada parece digno de ti. Risco, rasgo,
tento de novo mas nunca é suficiente. Apetece-me desistir, deitar-me na cama e
nunca mais acordar. E este frio infernal, aquele que permanece no meu coração,
não me larga. Se eu partir, ninguém sentiria a minha falta. Bebo mais café e ganho
coragem. Continuo rumo a mais uma tentativa falhada. «Meu amor, lembraste
quando nos conhecemos? Eu estava naquele café que costumavas frequentar. Por
mero acaso sentaste-te perto de mim e meteste conversa. Perdoa-me, não está
certo o que eu fiz mas estou arrependida. Se pudesse, nunca o faria. Mas não
tive escolha.» Perdi as forças para continuar. Peguei nos comprimidos que tinha
perto de mim e engoli-os, tentando afastar a dor que permanecia.
No comments:
Post a Comment